Atuando desde 2010, O Bairro Novo é uma banda brasileira de música autoral, alternativa, indie rock, cristã (quantos segmentos!). O grupo prolixo e cheio de integrantes não é novidade por aqui, mas traz novidades e isso é ótimo para nós, reles ouvintes. A banda, lança agora o single “Sodoma”, onde o nome por si só já instiga a nossa curiosidade, né não?
“Sodoma” é um som inesperado e vibrante, com uma mensagem forte e atual, tanto para cristãos, religiosos em geral ou qualquer jovem engajado com a mudança social de sua realidade/comunidade. Diferenciando-se de produções acústicas e bases orgânicas, caminho pelo qual a banda O Bairro Novo geralmente costuma produzir seus lançamentos (não se afastem do folk, por favor, amigos), a nova canção carrega um discurso questionador, coloca em pauta questões sociais importantes como a impunidade de alguns, diante do sofrimento de outros, o egoísmo de uns, frente às necessidades de outros. Coloca em xeque o papel da religião na organização social, ao passo que clama por reflexão, sobretudo da comunidade religiosa.
A estrutura musical é contraditória, assim como o discurso que ela denuncia. Com uma melodia alegre para uma letra reflexiva, o som tem raízes nostálgicas com sintetizadores e um arranjo que evoca os anos 80, mas ao mesmo tempo se utiliza de referências atuais. A moda oitentista veio pra ficar e definitivamente não irá embora tão cedo.
O “dream team” do projeto conta com pré-produção de Gustavo Barrinovo, Jônatas Floriano e Daniel Ferraz (também responsável pela edição vocal), arranjo e produção de Yuri Costa, mixagem de João Milliet e masterização de Carlos Freitas. O saxofone, elemento surpresa do single, é de Filipe Moura.
A música está sendo lançada hoje, 09 de Julho, feriado estadual no estado de São Paulo (não pra mim que além de colunista, sou comerciante) e conta com um plano de lançamento envolvendo a interação de diferentes artistas e fãs através do conteúdo nas redes sociais, sobretudo o Instagram, e YouTube, aliado ao lançamento de um podcast ligado ao tema. Eu senti uma leve falta do vocal masculino que tanto permeou Azul, primeiro disco lançado dos paulistas, mas nada que estragasse a experiência e que não criasse o choque inicial de um pulo de bases orgânicas para sintetizadas. Mas sou formado e graduado em Brooke Fraser, então já passamos dessa fase.
“Sodoma” traz um discurso no qual a banda acredita levantar uma bandeira contra a indiferença e a opressão, denuncia o verdadeiro “pecado de Sodoma” que está ligado ao egoísmo, à centralização do eu em relação ao próximo (ver Ezequiel 16:49).
“Para nós é um grito de indignação e um chamado à reflexão, ao retorno da essência. A mensagem é profunda, mas embalada numa melodia alegre, o que representa tanto a contradição presente na realidade social em que vivemos, como também nas comunidades religiosas. Outra forma de enxergar essas contraposições é a reflexão sobre a busca da felicidade, sem se deixar esquecer da triste realidade daqueles que precisam de nós.”
De Tatuí-SP (cidade que recebe o título oficial de Capital da Música) a banda vem aumentando seu público, nos últimos anos, através de seus lançamentos e apresentações que vão desde eventos com grandes públicos, manifestações culturais regionais, projetos solidários, apresentações em programas de TV, gravações e colaborações com diferentes perfis de artistas.
Para finalizar, fica a nossa admiração em como, mesmo se tratando de uma banda, a O Bairro Novo apoia e valoriza o trabalho individual de cada integrante como artista, músico e seja lá qual a vocação. É de admirar. Além de assinar o EP “O Banquete” (2020), obra que contou com um álbum audiovisual, em forma de curta-metragem, disponível no YouTube. Outros lançamentos da banda são o álbum Azul (2018) além de outros singles e feats como “Canção de Pedro” feat. Laysa Damares (2021), “Haja luz” feat. Pedro Valença (2020), “Procissão” (2020), “Paz em Cristo” feat. Jovens da Igreja de Jesus Cristo (2020), “Brasil” feat. Jônatas Floriano (2020).
E como pessoalmente tive a oportunidade de conhecê-los na última edição do Rock no Vale em 2019, anseio por ouvir “Sodoma” ao vivo num futuro breve. E com todos vacinados até lá, amém.