Review do Álbum ‘Etéreo’ de João Manô

Se cada álbum da Adele marca um momento da sua vida, algo semelhante parece acontecer com o João Manô. Não é a idade que dá nome aos discos, mas talvez a experiência do tempo. Etéreo é um álbum de gente vivida, de quem fez as pazes com suas inquietações e agora segue com passos mais firmes.

O João ácido de Ecoar (2019) e o introspectivo de Volver (2020) dão as mãos para brincar e comentar sobre a vida. O trabalho lírico continua singular, versando com a regionalidade do Candieiro e a teologia reformada – métricas que calibram a arte de Manô.

Musicalmente, Etéreo é ousado por não se conter em um estilo. Ele se ramifica em diversas texturas, começando pela anticlimática faixa “Eclesiastes”, que abre o disco com uma cara de fim. O Teatro Mágico manda lembranças em “Antes de Nascer o Mundo” e Lenine em “O Rei da Cocada Preta”. Falando em referências, C.S. Lewis e o Grupo Logos são mencionados em “Além Mar / Ripchip”.

Etéreo também traz participações expressivas como os conterrâneos de coletivo: Calamará (Antes de Nascer o Mundo) e Midian Nascimento (O Deus que se Revela), além de nomes consolidados como Paulo Nazareth (Sem Tecidos), Emílio Garofalo Neto (Os Anos de Uma Alma). A presença de Alexandre Magnani em “Tempos Fracionais” é estratégica por dar uma boa ampliação de visibilidade para dentro do mainstream gospel – ou seja, a faixa serve como um ótimo cartão de visita para quem vem de lá.

Falando em sonoridade, quem estiver com ouvidos abertos apreciará o disco como uma grande aventura, já os que não, talvez achem o trabalho inconstante até frágil. O fato é que Etéreo mostra que João Manô está em plena expansão, disposto a experimentar, a provocar-se. Por isso, nesse sentido, o nome do álbum lhe cai muito bem.

Ficha Técnica do Álbum:

  • Artista: João Manô
  • Título do Álbum: Etéreo
  • Ano de Lançamento: 2023
  • Gênero: MPB
  • Gravadora/Produção: Coletivo Candiero
  • Participações Especiais: Calamará, Midian Nascimento, Paulo Nazareth, Emílio Garofalo Neto, Alexandre Magnani, Filipe Da Guia
  • Número de Faixas: 13
Review: João Manô - Etéreo (2023)
Nossa opinião
Etéreo é uma jornada musical marcante de João Manô, onde as letras introspectivas e as sonoridades variadas mostram um artista em constante evolução e experimentação. O álbum demonstra ousadia e identidade própria, mas pode não agradar a todos devido à sua inconstância
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Destaques
Além Mar / Ripchip
O Rei da Cocada Preta
Tempos Fracionais
3.5