Primeiras Impressões: Jimmy Needham – Vice & Virtue

1430835669_jytjty

Os lançamentos do Jimmy Needham sempre geram grandes expectativas em mim. Acompanho seu trabalho desde Speak (2006) e confesso que, para mim, não há um disco ruim até agora. Sua identidade musical é tão impressionante que desconheço outro artista que se assemelhe a ele em criatividade e produção.

O que mais me chama atenção na trajetória do Jimmy é sua capacidade inventiva. A cada faixa, a cada disco, ele se transforma, experimenta e se recria. Sem medo. Sem reservas. Sem limitações.

Em “Vice & Virtue” não foi diferente. Desde que ouvi as primeiras notas, eu tinha a certeza que iria gostar muito dele.  Como o próprio Jimmy contou, “este disco é muito sobre desbravar novos caminhos musicais”. Isso é bastante presente em todas as trilhas.

Sobre a temática, “Vice & Virtue” surgiu de uma crise espiritual que o artista teve enquanto lia um estudo sobre a Carta aos Gálatas escrito por Tim Keller. A partir disso, Jimmy resolveu escrever sobre a nossa luta contra os “vícios” presentes na vida e a necessidade de nos agarramos as “virtudes” (neste caso, aos ensinamentos de Cristo). Em suas faixas, ele quer nos lembrar que mesmo em nossos melhores momentos, nós lutamos com o pecado todos os dias. Que o diabo tenta agarrar a nossa atenção, mesmo nos dias acreditamos que somos “invencíveis”. Assim, “Vice & Virtue” se propõe a convidar o ouvinte a questionar sua convicção de fé a fim de saber sobre quais alicerces estamos fundamentados.

Avaliando faixa a faixa, o disco começa com a faixa-título e seu groove arrebatador. Canção totalmente frenética.

https://youtu.be/IxkuiU4o0hU

Em “Thank You” o ouvinte continua no agito. O swing prende sua atenção e gruda feito chiclete com o refrão.

O disco segue com “Mamma Didn’t Raise No Fool”, uma canção ímpar e uma das mais brilhantes feitas pelo Jimmy. É impossível não se sentir cativado pelo jogada musical. A letra faz um paralelo sobre a importância de ser obediente aos ensinamentos de Cristo, assim como nossos pais nos educam. É esse aprendizado que nos deixará fortes contra o pecado da mesma forma que as orientações paternas nos preparam para a vida.

Diminuindo a intensidade segue o disco com “All We Need Is Need”, sua primeira balada. A mensagem presente nela é que não é o nosso esforço que nos fará pessoas melhores ou mais santas, mas sim nosso relacionamento com Deus e o reconhecimento da nossa carência por Ele.

“Sirens (feat. The Quebe Sisters)” traz a participação do belo trio texano The Quebe Sisters que emprestam suas vozes na introdução e no back da canção. A faixa fala sobre as distrações da vida que querem nos desviar do alvo que é Cristo.

Na metade do disco, Jimmy resolve “presentear” sua esposa com três canções que falam sobre amor e relacionamentos interpressoais: “Only You”, “Better Man” e “Forever and Ever Amen”.

“Only You” chega arregaçando com um falsete fantástico! Só isso já vale a faixa. Além de uma declaração de amor, a faixa expressa gratidão a Deus pelo que Ele é e pelo que Ele tem feito em sua vida.

“Forever and Ever Amen”  é uma releitura do folk do Randy Travis. Em uma versão mais jazz, ela fala sobre a simplicidade da vida a dois e tem a cara de música soul cantada em igreja por aqueles arretados corais negros.

A faixa 8, “Mr. Nice Guy (feat. Kb)”, passa a marcha e volta a acelerar o disco com o rapper Kb. A letra destaca o quanto um cristão convicto não é mais levado por “ventos de doutrinas” ou se deixa ser influenciado pelo mundo.

“Better Man” retorna às baladas e entrega uma das canções mais mornas (porém, agradável) de Vice & Virtue. Ela reflete sobre como o casamento mudou a perspectiva de Jimmy sobre a vida e sua visão sobre muitas outras questões, principalmente na sua relação com Deus.

A penúltima é “Jekyll & Hyde” com seu blues/folk bem estiloso. Ela aborda a tensão que sentimos quando agimos contrariamente ao que Deus quer e aponta a facilidade que existe de agirmos contra o Evangelho. É sobre a batalha interna dentro de nós.

Jimmy encerra seu novo disco recitando ao invés de cantar “The Story (A Spoken Word)”. Nela, ele conta a história evangelho em 6 minutos através de rima, o verso livre, poesia e outras metáforas.

Num geral eu não esperava outra coisa a não ser mais uma obra-prima vinda do Jimmy Needham. 🙂