Polar Similar é o 7º álbum do Norma Jean, o trabalho marca o retorno da banda à sua gravadora de origem, Solid States, selo que foi e ainda é berço de grandes bandas do cenário alternativo.
Agora, pense num álbum pesado, pense numa pedrada. Polar Similar é um álbum completo, pesado, carregado de boas referências, bem produzido, com ótimas letras, uma boa história, muita agressividade e uma raiva peculiar exteriorizada em forma de letra e melodia e berros.
“I hope you burn”, é assim que começa a gritaria logo na primeira frase do primeiro ato do álbum com a faixa “I. The Planet“.
I hope you burn
I’ll be the king of the ash
I hope you burn
I’ll be the king of the ashesWhat you’re feeling is the loneliness of God
O álbum foi gravado no estúdio Pachyderm em Minessota, mesmo estúdio onde o Nirvana gravou o álbum In Utero. As letras tratam de diferentes perspectivas de um assunto intenso e muito complicado: Pessoas que sofreram ou sofrem, praticaram ou praticam algum tipo de abuso em relacionamentos.
“Everyone Talking Over Everyone Else” é a música que teve seu primeiro vídeo liberado, um vídeo muito bom inclusive, com um close mais fechado, pouca luz e um pouco de mistério nos personagens e nas próprias imagens dos integrantes da banda, bem diferente do que estamos acostumados a ver com a banda.
Every motion
Every point of view
I was always giving up
But I have woken up
Every time of day
“1,000,000 Watts” foi o primeiro single lançado para esse álbum, divulgada a 2 meses atrás. É a música que apresenta o padrão de riffs que podem ser encontrados em todo o álbum, ao mesmo tempo que experimentam melodias mais limpas e usam de ambiência e alguns recursos inusitados como pianos entre as guitarras.
If you wanna speak of the devil
You will feel the wave of his or her invented wingsI am the lamb that has become the wolf
Yeah!
1,000,000 watts because I’m feeling alive
But you’re broken on the inside, baby
And that will never have the final say
A faixa que se segue é a “II. The People“, um interlúdio de uma chamada telefônica para uma central de atendimento automático que antecede a entrada frenética de “Death Is a Living Partner” que eleva definitivamente o ritmo do álbum, com uma pegada insana, aquilo que eu chamo de metalcore de raiz (acabei de inventar), e toda essa correria antecede uma das principais faixas do álbum, “Syntetic Sun” que também foi lançada como single antes do álbum sair.
But let me ask you
Are you feeling alive?
Are you feeling alive?
If the light doesn’t come outside
“Reaction” e “III. The Nebula” contam com as introduções mais elaboradas e com pitadas de filme de terror, e já estamos no terceiro ato, metade do álbum. É interessante notar como que as guitarras nesse trabalho estão com um timbre mais caprichado, algo que passava muito despercebido nos outros álbuns da banda, antes eram apenas guitarras distorcidas, muito gain e volume, gostei muito das novas tentativas de achar novos timbres para as cordas.
“The Close and Discontent” e “An Ocean of War” são músicas que mantêm a característica progressiva do Metalcore do Norma Jean, que na verdade é a marca registrada da banda; compassos compostos e muita quebradeira.
“A Thoussand Years a Minute” trata do assunto da depressão que muitas das pessoas que foram vítimas de algum tipo de abuso acabam enfrentando por consequência.
Try not to fall into the dark again.
So try, try, try, try.
Try not to fall into the dark again.
So try, try, try, try.
O último ato, “IV. The Nexus“, encerra o álbum com uma melodia fria e triste, como que sem dar uma solução ou “final feliz” ao problema abordado, mas tematicamente se encaixou perfeitamente como última faixa.
Yeah
Cause I don’t wanna be inside while the walls are closing in.
If you want to make this all work then you’re gonna have to try.
“Polar Similar” é um trabalho complexo, trata de um assunto delicado que em muitas vezes só é assimilado de verdade por quem já viveu e sentiu na pele o abuso por parte de quem deveria em última análise ser o último suspeito. Esse foi o caso do vocalista da banda, Cory Brandan, que não apenas quis ajudar vítimas que passam por isso, ou apenas escrever sobre o assunto, mas usou as composições desse trabalho para falar um pouco de uma experiência de relacionamento abusivo em que ele mesmo disse ser vítima. No site da HM Magazine foi disponibilizada uma entrevista exclusiva onde ele fala mais sobre o álbum e o que levou a banda a tratar desse assunto com mais detalhes.
“Uma em cada três mulheres e um em cada quatro homens já sofreram abuso de seus parceiros. 24 pessoas são abusadas, perseguidas e controladas a cada minuto. Se você ou alguém que você conhece se encontra em um relacionamento abusivo, acesse o site http://nomore.org/ para maiores informações.”