Produzir shows não é algo fácil. Equipe, estrutura, artistas, divulgação… a logística é bastante complexa, por isso, não é pra qualquer pessoa ou empresa. Do outro lado há um público em busca de uma experiência inesquecível, muitas vezes, a oportunidade de ver a banda dos sonhos diante dos seus olhos. Ou seja, é uma responsabilidade muito grande e não há espaço para falhas.
Esse último aspecto ressalto sobre a apresentação das bandas Narnia e Stryper, no dia 17.09.19, no Mister Rock, em Belo Horizonte. Com uma grande expectativa do público para ver pela primeira vez esses ícones do metal cristão no mesmo palco, os fãs do Brasil inteiro aguardaram a confirmação das datas e locais pelo país. Inicialmente contando com a presença da Tourniquet, tinha tudo para ser uma experiência extraordinária. Mas, infelizmente, não foi assim.
Tudo começou com a mudança de datas dos shows no Brasil. Após grande burburinho (e acusações) nas redes sociais, a EV7, lança nota informando que o cancelamento foi oriundo de um calote que a produtora sofreu com parceiros na América Latina. Ao invés do dia 19.09 (quinta), o show foi antecipado para 17.09 (terça). Isso há poucos dias da apresentação. Para quem iria de outro estado como eu, a mudança de data gerou um imenso transtorno, não apenas de agenda, mas, principalmente, financeiro. Se não fosse o desejo pela participação e o compromisso firmado com os custos já realizados, a frustração será sem igual.
Após todo o transtorno das datas, outra notícia cai como bomba: o cancelamento da participação da Tourniquet no evento. Sendo a grande novidade para grande parte do público, a ausência da banda de Thrash, pôs em cheque a realização do evento, principalmente diante do relato alarmante do próprio grupo sobre os organizadores na qual alegava falta de cumprimento dos acordos logísticos, impedindo assim, que a banda viesse ao país. Sem respostas públicas, foi inevitável a desconfiança do público com a EV7. Narnia e Stryper se posicionando lamentando o ocorrido e reforçando suas presenças para a tranquilidade dos fãs. Mas antes os problemas terminassem por aí…
Com passagens reajustadas, chega o grande dia. Mesmo com o público comparecendo de forma satisfatória a nova data, o respeito com ele não aconteceu. Com a abertura muito atrasada dos portões, grande parte dos fãs ouviu a apresentação da Narnia do lado de fora da casa de shows. Uma decepção que é muito difícil de descrever. No meu caso, ainda mais por ter saído de Recife, movido datas e dinheiro para prestigiar uma banda que faz parte da história da minha vida e entrar para ver apenas 4 faixas é de uma tristeza indescritível.
Nas poucas músicas, a Narnia era a mesma vista na minha cidade em 2017 (leia o review AQUI): enérgica, devota e talentosa. Mas, o som da casa não contribuiu para isso. A sensação que tínhamos era que se tratava de uma passagem de som. O grupo se esforçou para honrar seu fãs, mesmo com todos os contratempos. Ao término da apresentação, desceram e se juntaram ao público para fotos, abraços e autógrafos. Mas era nítido no rosto deles a decepção pela apresentação.
Pouco tempo depois, o Stryper entrava no palco com uma excelência musical que os consagraram como um dos grandes nomes do Hard Rock mundial. Sua setlist repleta de clássicos, covers e uma apresentação épica ao lado da Narnia com a faixa The Way (assista AQUI), a banda salvou a noite do desastre total.
Se aquela fosse a primeira vez que eu estivesse vendo essas duas grandes bandas, certamente teria sido uma experiência traumática. Por isso, prefiro guardar com carinho na memória a apresentação de ambos na minha terra natal, levando desta vez, apenas o privilégio de ver o show com um grande amigo e a certeza que a produção de shows definitivamente não é para qualquer um.