Esses dias participei de um podcast do projeto Saleiro Cast, projeto este que alguns amigos estão realizando, e o tema principal foi falar sobre música. Como subtema, uma das pautas levantadas foi a Graça Comum e como ela reflete na criação de canções que não estão rotuladas dentro do segmento “cristão”. Muito me chamou a atenção que, graças a Deus, existem muitas pessoas que conseguem pensar fora da caixa.
Meu intuito aqui não é levantar sofismas ou, através de um texto estruturado, criar uma regra sobre a espiritualidade que encontramos dentro do âmbito secular. Ainda tenho minhas convicções de que nesse mérito não existe um certo e um errado, um cabível e um incabível, mas sim uma particularidade que a música exerce em cada um, logo, sem uma regra propriamente a ser seguida.
Sem delongas (eu adoro essa expressão), relato aqui que sempre acreditei no multiforme agir de Deus, principalmente se tratando de Sua misericórdia. E, de forma bem clichê até, sempre ouvimos jargões repetidos de que o ser humano, falo agora da criação como um todo, anseia por Algo ou Alguém que, talvez, ainda não tenha conhecimento.
Quando escutei a primeira vez a letra de Savin’ me, canção da banda de post-grunge canadense Nickelback, eu de cara, com meus 14 anos, entendi que precisava ser salvo, embora não soubesse do quê (vale lembrar que meu contato com o evangelho se deu aos 15 anos). Não quero transformar isso num relato pessoal, por isso já te convido a olhar alguns trechos da letra comigo:
Bem, eu estou aterrorizado com essas quatro paredes
Estas barras de ferro não podem aprisionar minha alma aqui
Tudo que eu preciso é você
Venha, por favor, estou chamando
Eu estou gritando por você
Apresse-se, estou caindo
Aqui vemos que o interlocutor principal dos versos, talvez de forma literal ou não, sinta-se “aprisionado” já tendo ciência de que a única esperança dele é Alguém e entendendo, de forma conjunta, que sua prisão materializada não tem domínio sobre ele.
Mostre-me como é
Ser o último a ficar de pé
E ensine-me a diferença entre o certo e o errado
E eu te mostrarei o que posso ser
Diga isso por mim
Diga isso para mim
E eu deixarei essa vida para trás
Diga se vale a pena me salvar
Tirando todos os méritos triunfalistas do “te mostrarei o que posso ser”, a discernimento do certo e do errado, a dúvida inerente do ser humano sobre suas misérias e a necessidade de uma Força maior que venha a reger as nossas principais condutas, me fazer acreditar que Savin’ me é uma canção sim, com uma espiritualidade interpretativa que pode nos remeter à uma possível experiência de vida e, por que não, com Deus.
Torno a dizer que isso não é via de regra e não pretendo levantar nenhuma bandeira. Mas você que conseguiu ler essa matéria até o final sem revirar os olhos me responda: você já ouviu a graça comum cantada em alguma outra obra por aí?
Concordando ou não, Savin’ me é um single de 2005 do álbum All The Right Reasons.
P.S: Se não fosse a Pandemia, Switchfoot sairia em turnê com eles. Seria meu sonho?