Jon Foreman – Entrevista


 

No último dia da bem sucedida Tour De Compadres, Jon Foreman tirou um tempo em sua agenda para conversar com o repórter John DiBiase, do Jesusfreakhideout, sobre seu novo trabalho solo, sobre o filme e o álbum de Fading West e sobre o futuro álbum do Switchfoot.

Essa entrevista ocorreu em 19/08/15.

JFH: Eu sei que não temos muito tempo, então vou direto ao assunto. Me fale sobre The Wonderlands. Eu sei que as canções, supostamente, representam 24 horas ao longo de um dia…

Jon Foreman: Sim, um jeito de perseguir o sol, tanto quanto as sombras, a escuridão e a luz o fazem. Eu meio que espero usar isso como um pano de fundo para explorar temas como fé e dúvida, amor e frustração, e tudo isso. Eu acho que a temática musical se encaixa ali em algum lugar, mas as letras começam a saltar da minha mente. Então, sim, com The Wonderlands eu sempre senti que a música era esse lugar onde eu podia expressar coisas que eu não podia expressar de qualquer outro jeito. Sabe, ouvir as pessoas. Eu sinto que essas canções se tornaram o tablado onde o resto dos meus pensamentos podiam descansar. Isso me levaria a lugares onde eu nunca poderia ir, onde uma canção poderia acessar um novo lugar para mim em minha mente – seja uma canção de alguém ou uma minha. Então, The Wonderlands foi uma chance de tentar ser parte dessa criação, fazer 24 músicas para 24 horas.

JFH: Você diria que cada canção especificamente representa uma hora, ou você diria que isso é ainda mais amplo?

JON: É mais como – eu tentei pensar na emoção que eu tive, a sensação que aquele momento do dia me dava. E tentar escrever uma música para essa emoção, naquele espaço de tempo, ou escolher uma música que já estivesse escrita, e então colocá-la naquele espaço de tempo e realmente levar até uma produção de como aquela música se encaixa naquele momento do dia.

JFH: Legal. O que te deu essa ideia?

JON: Pra mim, o contexto musical de qualquer música. Eu sou um grande fã de gravações e, pra mim, um set ao vivo não é apenas definido pelas músicas que você toca, mas pelo que acontece entre elas, sabe? Transições são cruciais. E então, acho que eu amo a ideia de que é como se eu pudesse criar um planeta musical que tem sua própria perspectiva olhando de volta para o planeta Terra. Talvez alguém pudesse se encontrar lá e entender melhor sua própria vida.

JFH: Isso é muito legal. Agora que nós já ouvimos a primeira metade do projeto com os primeiros EPs, Sunlight e Shadows, muito disso é bem pesado e sobre morte e escuridão e coisas assim. O que os ouvintes podem esperar da próxima metade?

JON: Sim, há bastante escuridão lá. E eu ainda deixei algumas coisas sobre isso de fora, ironicamente, bastante coisa. *risos*

JFH: *risos* Sério?

JON: Há bastante coisa pesada, mas eu queria percorrer esse caminho. Eu quis que essas músicas expressassem esperança, expressassem fé com autenticidade. [E pra fazer isso] você tem que perguntar as verdadeiras e difíceis questões, como “há um Deus bom?” quando coisas horríveis estão acontecendo. Eu acho que a fé de qualquer adulto maduro é tímida quanto a essas questões, não que isso seja um desserviço como um crente, mas – que tipo de Deus não é capaz de lidar com essas questões? Talvez esse não seja o deus que vale a pena crer. Isso era meio que o fim da linha pra mim. Então eu quero, se eu vou acreditar no Criador que é todo-poderoso, onisciente, transcendente, então eu quero… *risos* Eu quero que Ele seja um Grande Deus! Não alguém que não pode lidar comigo quando eu estou arrebentado. Então eu sinto que é sobre isso. Sobre fazer grandes perguntas que eu não quero mais segurar.

JFH: Incrível. Sim, honestamente, uma das minhas músicas favoritas do Switchfoot desde sempre (e olha que eu tenho ouvido a banda desde o 1º álbum, em 1997) é “Vice Verses” – e eu amo como ela é perfeitamente seguida de “Where I Belong”, que eu também amo…

Jon: Muito obrigada, cara!

JFH: E eu amo como “Vice Verses” faz essas questões, também. Ela ainda me dá arrepios toda vez que a ouço.

Jon: Me sinto honrado, cara!

JFH: Quão diferente é escrever seu trabalho solo e escrever material para o Switchfoot?

Jon: De muitas formas, é exatamente a mesma coisa. A grande diferença está no Tim, que meio que tem a palavra final sobre o tipo de música do Switchfoot. *risos* Sabe? Como “Vice Verses”, por exemplo, eu achei que era uma música solo e ele meio que “não, não, não. Essa é uma música do Switchfoot, com certeza!” Pra mim, Switchfoot é o meu trabalho diário. Rock’n’roll é a minha ocupação, sabe? *risos* O trabalho solo e o Fiction Family vêm em segundo lugar. Se eu não estiver especificamente em um ou outro projeto, eu normalmente estou escrevendo para me expressar. A maioria das coisas ninguém nunca vai ouvir. E isso costumava me incomodar, mas eu percebi que é assim que a gente vive. A maioria das coisas que fazemos ninguém nunca vai saber que você fez. Por que você faz, então? E, ultimamente, há um plateia de Um Pessoa prestando atenção. E então, se isso não te dá um significado supremo, então nós estamos vivendo em uma mentira de que, de alguma forma, quanto mais pessoas ouvirem isso, mais significado tem. E pra mim, como compositor, isso me dá a uma habilidade real de atacar cada canção com a ideia de que isso é significativo simplesmente porque eu faço isso na condição de o fazedor disso tudo. Não porque alguém deva mensurar se é valioso ou não, mas porque é inerente o valor de que eu sou feito à imagem.

JFH: Isso é incrível. Eu amei o EP Edge of the Earth. Senti que era uma grande ponte, tanto em estilo quanto em sonoridade, entre Vice Verses e Fading West, já que Fading West tem canções com uma pegada mais eletrônica. E eu fiquei realmente surpreso quando vi o filme “Fading West” e percebi que a música do Tim, “What It Costs” não entrou no álbum final…

JON: Sim. É interessante porque na arte – e na música não é diferente – tudo é subjetivo. Onde a música acaba? Onde a tela começa? Para onde o quadro vai? O que está na figura? Você semeia aqui? Você colhe ali? Sabe, orientações generalizadas. Com o filme, por exemplo, o que deixar nele foi a parte mais difícil. A primeira edição do filme tinha, mais ou menos, umas três horas e meia de duração. Então, a grande questão é: isso é entretenimento; era diversão; era significativo; era importante para o enredo; todas essas coisas diferentes. Mas, ultimamente, a maior parte da vida não faz cortes tanto quanto um filme se preocupa em fazer, sabe? Então com a gravação, nós meio que estávamos indo para um pouco mais de um corte de cabelo. *risos* Alto e apertado, tipo The Beatles, sabe? Basta ir com 10 músicas, batê-lo e está pronto.

JFH: Isso faz sentido. Eu percebi quando voltei e revi o filme no NetFlix que ainda havia algumas músicas que não foram lançadas. Você acha que algum dia elas verão a luz do dia?

JON: Eu não sei. Nós temos, literalmente, centenas de demos completas que não foram lançadas. Eu não sei se alguém, algum dia, as ouvirá. Mas eu espero que isso aconteça um dia. Sim, seria maravilhoso. Talvez algum dia possamos encontrar um lugar para elas.

JFH: Sabe, eu adoraria ouvir sobre a música “Slipping Away”. Você pode falar sobre ela?

JON: Sim! Eu realmente gosto dessa música. Ela foi escrita enquanto dirigíamos para Los Angeles, enquanto fazíamos algo por lá com o Mike Elizondo. E há um teclado chamado OP-1, feito pela Teenage Electronics, e é muito divertido, uma ferramenta poderosa, e eu a tinha. Tim estava dirigindo e eu estava brincando com esse teclado, meio que tentando organizar as batidas e tudo, então eu tinha esse violão – acho que é chamado de Quatro e eu o ganhei na Argentina. Foi um presente de um fã para nós – então é isso o que você ouve na música; esse padrão e os elementos rítmicos que a bateria não toca no refrão. Isso é o som do OP-1. *Jon cantarola a melodia* Então foi mais ou menos assim que a música surgiu, nasceu no trânsito de L.A., sabe? Eu sentado no banco do passageiro, escrevendo uma música.

JFH: Tem alguma coisa que te deixa muito animado com esse novo EP solo sobre a qual você gostaria de falar? Talvez uma ou duas músicas que você esteja muito empolgado para as pessoas ouvirem?

JON: Sim! A última música do EP é chamada de “Before Our Time” e meio que começa com um olho num relógio, assim como “Terminal”. Então é meio que a conclusão de um livro. Pra mim, é cantar sobre o ato de cantar antes que nosso tempo acabe. É assim que eu queria fechar o The Wonderlands, porque eu sinto que é isso que esse projeto personifica: cantar músicas enquanto eu as tenho. E então outra música que eu estou muito empolgado é a que tem a participação da Sara Watkins, chamada “June and Johnny”. É provavelmente a música mais despojada do projeto. Estou realmente muito empolgado com o jeito como ela ficou.

JFH: Você postou a letra dela no Instragram, certo?

JON: Isso mesmo.

JFH: Ótimo. Eu a vi e pensei “ele está citando June Carter e Johnny Cash?”.

JON: Sim! *risos*

JFH: Durante o Asbury Park Show, você disse estão para começar a trabalhar no próximo álbum do Switchfoot até o final do ano?

JON: Sim! Entre os dias 01 e 03 de setembro nós temos algumas reuniões no estúdio de São Diego para discutir como será esse novo álbum. Nós temos… *risos* Nós temos muitas músicas. Nós temos meio que empilhado muitas músicas nos últimos dois anos. E temos composto também. Nós estamos tentando abordar isso de uma forma completamente diferente. Quero dizer, de novo, nós tivemos o privilégio de fazer nove álbuns. Então para esse álbum, você realmente quer encontrar algo – não apenas para as pessoas ouvirem – mas para celebrar a jornada. Nós queremos encontrar algo novo. E a maioria das músicas começaram comigo tocando tocando violão, tudo acústico. Nós começávamos com a bateria e o baixo no passado, mas dessa vez nós meio que temos feito uma abordagem enquanto estamos sentados no estúdio e passamos todo o dia escrevendo música em blocos de 15-20min. Então todos nós, enquanto tocamos nossos instrumentos, trabalhamos em uma música, uma ideia, uma faísca – sem letras, apenas melodias e uma batida. Apenas uma vibe, sabe? E ao final do dia, nós começamos algo novo. Ao final do dia, nós teremos cerca de 20 ou 30 do que chamamos de “sementes” e então você escolhe suas sementes favoritas e é quando você começa a regá-las até que elas se tornem árvores. É aí que você adiciona a letra e meio que monta a estrutura da música. É muito recompensador isso. É, basicamente, o equivalente a jogar tinta em uma parece e ver o que acontece. Sim, tem sido uma explosão!

JFH: Cara, eu estou empolgado. Vocês sempre fazem músicas instigantes e interessantes. É sempre excitante ouvir qualquer coisa vinda de vocês.

JFH: Bem, muito obrigado. E obrigado porque todos esses anos, cara. Eu realmente agradeço o apoio. Por tirar um tempo para ler as letras e pensar sobre música. Isso é uma coisa rara nos dias de hoje!

Ouça as 19 faixas já lançadas do projeto The Wonderlands:

Você encontra 3 de 4 EPs disponíveis no iTunes:

 

Esse artigo pode ser encontrado em sua versão original no site da JesusFreakHideOut. Tradução livre.