Entrevista com a banda Pax

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Em 2009, nós fizemos uma entrevista com a Banda Pax no lançamento do EP Prelude. Saca como foi:

 

1 – Qual a visão da banda sobre a atual crise da indústria fonográfica e sua constante luta para encontrar um formato bom para ambos os lados perante a guerra compartilhamento x pirataria? Vocês concordam com o compartilhamento de Músicas na internet, acham que isso vem para ajudar ou atrapalhar as bandas?

Nathan Bomilcar – A indústria fonográfica já começa a encontrar saídas para se livrar da crise, agregando valor ao produto que é vendido. Isso requer uma adaptação profunda nos métodos convencionais de venda e divulgação do artista. Para as bandas independentes, o compartilhamento veio pra ajudar no que diz respeito à divulgação. Redes sociais voltadas à música também ajudam as bandas nesse sentido. O músico precisa construir essa rede e ser inovador para divulgar sua música. Já o ouvinte, precisa entender que muitas bandas independentes vivem da renda que é obtida pela venda do seu trabalho, por isso podem prestigiar o artista adquirindo seu trabalho.

J.Monaco – A internet é nossa principal ferramenta de divulgação.

2 – O público brasileiro desconhece o cenário nacional das bandas de qualidade porque as gravadoras de grande porte monopolizam o mercado controlando o que é “vendável” e o que não é “vendável”. Na opinião da banda, qual a saída para que bandas como o PAX e tantas outras possam se tornar conhecidas a nível nacional para que tenhamos mais opções de escolha?

Nathan Bomilcar – Hoje, o principal meio de divulgação da banda é a Internet. Oferecer música de graça tem sido um bom atrativo para que as pessoas conheçam o trabalho. Construir e fortalecer essa rede de contatos tem nos dado oportunidades para participar de shows, eventos, festivais, etc. Existem bandas de muita qualidade sem muitas oportunidades de se apresentar e a internet é a forma mais eficaz para que isso aconteça. O perigo é que a banda pode ser tornar totalmente dependente da Internet e de meios digitais perder a intensidade de um show ao vivo

J.Monaco – O público brasileiro conhece o que eles tem acesso. No Brasil temos muitos internautas e caras ratos  de lojas de discos ou músicos aficcionados que buscam música das mais variadas origens, entretanto os meios de comunicação em massa (Radio e TV) contribuem enormemente pra que as pessoas engulam qualquer troço pasteurizado e sem alma produzido por quem os banca. Obviamente é uma questão mais de sobrevivência dos meios e etc… mas é conveniente a muita gente, que as pessoas se percam em meio a um mar de informações inúteis e não entendam Arte. A Arte sempre veio como a expressão, crítica, na maioria absoluta dos casos, da visão de mundo do artista. Portanto acho que a saida é que a banda, as pessoas que a compõem, façam sua música com paixão e com vontade. Com algum objetivo além de viver de música. Não interessa se você toca mais rápido que não sei quem, ou melhor que aquele outro. Interessa que você toque do seu jeito, que você seja você…Muito se fala de Deus aqui, então entenda que a única coisa na qual, diante de Deus, você vai ser melhor do que qualquer outra pessoa, é ser apenas você mesmo. Eu pretendo ser o melhor José Antonio Monaco que eu puder. Não falo de música apenas, mas nos relacionamentos, na vida. Porque digo estas coisas? Ora, e não é de dentro que vem a música? Pô cara, se você acredita em alguma coisa, lute por isso. Se você tá numa banda, tenha certeza de que todos os que estão na banda vão lutar por isso. De outra maneira a banda tá condenada a se desfazer… e nessas ainda se perde amigos (uns bons, outros nem tanto), chances e o pior… se perde muito tempo.

3 – Qual o envolvimento de cada um dos membros da banda com ministérios de musica e louvor dentro da igreja? Vocês tem trabalhos na igreja , frequentam alguma igreja ou vocês se dedicam somente ao trabalho com o PAX?

Nathan Bomilcar – Os membros da banda frequentam igrejas diferentes. O Arthur (Vocais/Guitarra) e o Thiago (baixo) são membros ativos na Igreja Presbiteriana Unida, o J. Monaco (Bateria e Percussão) é membro da Vineyard Capital e o Nathan (guitarras/vocal) atualmente frequenta a Ig. Batista da Água Branca, em São Paulo. Todos começaram a se interessar pela música tocando na igreja. Graças a Deus encontramos incentivo das famílias e das igrejas para desenvolvermos o trabalho com a PAX, mas sabemos que a situação no Brasil hoje não é muito fácil para os músicos. Infelizmente algumas comunidades ainda enxergam a música de forma limitada e segregada (“do mundo, secular” X “cristã, santa”). Confunde-se também música feita por cristãos com música gospel. Na opinião da banda, “Gospel” no Brasil éapenas um segmento do mercado fonográfico, que encontrou clientes dentro das igrejas, o que nesse caso nos classifica como algo não-gospel.

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J.Monaco – Pois é. Eu gosto quando o Nathan fala, porque ele sabe ser polido. Eu não vou dizer o nome que eu costumo usar pra me referir ao “Mercado Gospel”, mesmo porque, a palavra gospel, como marca, é patente da Renascer,e se é de homem não é de Deus. Mas cara, somos apenas 4 amigos que tem uma banda e que são cristãos, consequentemente isso vai aparecer nas letras e tudo mais. Esse negocio de ministério, pra resumir é assim: Se você é cristão e não é um missionário, você é um impostor. Se você é ministro do Senhor, Vive por seus costumes (não fuma, não bebe, não isso, não aquilo), mas se sente melhor do que quem faz essas coisas “abomináveis” e não consegue dar um abraço em alguém que precisa, você é um impostor… ah, e é bem babaca também. Procuramos ser o menos babacas possíveis; Embora a gente não consiga sempre, a gente se esforça pra ser o menos hipócrita possível e esse é o nosso maior ministério.

4 – Qual a origem do nome PAX?

J.Monaco – PAX, do latim, Paz… Alguns definem a paz como um breve periodo entre guerras; a outros, a palavra remete a ideia de calmaria. Seja em  qualquer um destes, e das outras inumeras interpretações da palavra, entendemos que paz é algo que nossa espécie tem tanta facilidade em definir quanto por exemplo Amor,ou seja, é algo muito dificil de definir. Embora não haja uma definição que possa explicar a totalidade do que é paz, os traços de paz que nos são revelados na vida, e momentos que nos trazem conforto, são o suficiente para identificarmos a existencia da paz e até são o suficiente para fazer com que pessoas ao longo da história tenham desistido de tudo para persegui-la. Buscamos paz porque sabemos que o caminho da paz é “O Caminho” que nos leva a Deus. Buscamos a paz, porque buscamos o Amor. E o amor não tem fim, porque nunca começou; Deus é Amor.

5 – Como os integrantes da banda se conheceram e como a banda começou?
J.Monaco – Bom…No principio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo… e ai alguns amigos de Perdizes (São Paulo – SP) resolveram que era hora de gritar o que pensavam. Eles gostavam de Rock e viu o Senhor que isso era bom. (risos) E o Arthur te conta o resto da história. O Arthur e o Dillor tinham uma banda que se chamava R-37, com uma galera bem boa lá da Ig. Presb. Unida. Eles precisaram de um batera, e uma amiga nossa, a Deh, me apresentou. Eu os ajudava esporadicamente, e em 2004 eu acabei ficando praticamente sem bandas; algumas tinham acabado, outras dado um tempo. Ai logo depois que eu comecei a tocar com eles, o Gee Rocha, que hoje integra o Nx Zero, se juntou conosco e então eramos cinco. Tinhamos um tecladista absurdo de bom chamado Finão (alem de ser um bom amigo, ele é ótimo para animar festas infantis e tocar em cantinas italianas), que acabou nos deixando (mas ele tá sempre conosco), e depois de um tempo o Gee também não pode mais, por motivos óbvios. Ai eu lembrei de um amigo de infância, que tocava muita guitarra, que era amigo da minha familia há muitos e muitos anos e que até brigava comigo na escola! Bom, o Nathan é o cara, então entrou pra banda. Essa é nossa história bem resumida. Nos chamamos PAX desde 2004. Tem uma história meio lado B, onde éramos seguidores do deus maça e ai um dia um velho deu coca-cola pro Nathan e desde então nós passamos a ver o mundo com os olhos do Nathan…Mas a gente sempre devolve porque ele precisa dos olhos pra ler e pra trabalhar pro Bill Gates.(Rs)

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6 – Vocês já tem projetos para o futuro em relação à banda? Músicas novas, outro lançamento a vista?

Nathan Bomilcar – Temos projetos e estamos trabalhando neles. Seria precipitado fazer qualquer anúncio aqui, mas algo nos diz que quem fizer o download do nosso EP “Prelude” no site oficial (www.paxband.com) terá uma grata surpresa. 🙂

J.Monaco – verdade! E fora isso estamos também trabalhando num novo album; desta vez, um completo.

 

7 – Quais são as influências de vocês em relação à música nacional, não somente ao rock, mas de um modo geral, o que vocês escutam por aqui? E no cenário internacional, quais bandas vocês tem por referência? Para fechar, existe alguma banda nova lá fora que vocês tem escutado ultimamente?

Nathan Bomilcar – Nossas maiores referências sonoras são estrangeiras, mas no Rock Brasileiro, nossa maior influência é Paralamas do Sucesso. Herbert Vianna é um dos melhores letristas que esse país já teve. A Música Brasileira é riquíssima em outros estilos e na lista do que curtimos, estão: Lenine, Ed Motta, Djavan, João Alexandre, Jorge Camargo, Nelson Bomilcar, Carlinhos Veiga, Expresso Luz, Crombie, Vencedores por Cristo, dentre muitos outros. No cenário internacional, temos como referência Black Sabbath, Led Zeppelin, Phil Keaggy, Black Label Society, Tool, Hellacopters, Nine Inch Nails, etc. Uma banda relativamente nova e muito boa, é Black Stone Cherry. Recomendamos pra quem gosta de southern rock. (myspace.com/blackstonecherry)

J.Monaco – Cara… eu piro em Arrigo Barnabé, Terreno Baldio, Raul Seixas e Demônios da Garoa. Mas pra não dizer que eu só compro disco em sebo, eu preciso muito dizer que o André Abujamra é um gênio e que eu curto demais as seguintes bandas: Montecristo, TFDT, Medulla, Jumbo Elektro, Navalha, Matanza, Guga Machado, qualquer trampo do Renato Galozzi, Luis Lopes e Gustavo Alvarado, porque eles detonam, e Projeto Caixa Preta ( mas sou suspeito pra falar dessa, ok?! =) ).

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8 – Falem um pouco sobre as letras, quem escreve as músicas, as influencias literarias ou pessoais, nos fale um pouco sobre o processo de composição da banda.

Arthur Zarpelon – Costumamos deixar o processo de composição aberto para qualquer membro da banda se sinta a vontade para se expressar e expor suas ideias. Damos preferência para temas que envolvam experiências pessoais. Falamos do que vivemos e aprendemos (ou do que ainda não aprendemos). Enfim, coisas que nos constituem como seres humanos e que fazem parte de nossas vidas. Em relação a influências e referências nas composições, isso se dá bastante em cima de bandas que ouvimos. Embora muitas vezes um pouco distante de nossa linha de pensamento, compositores desde Trent Reznor (Nine Inch Nails), Maynard James Keenan (Tool, A Perfect Circle), Scott Ian (Anthrax) e Nikk Sixx (Motley Crue, Sixx A.M.), Warren Haynes (The Allman Brothers Band, Gov’t Mule), Brian Welch Head (Head, ex-Korn), Billy Corgan (The Smashing Pumpkins), entre outros. Admiramos bastante a linha de raciocínio desses caras e como eles se expressam/referem ao que estão falando.

J.Monaco – Nossas referencias literárias são variadas mas nosso firme fundamento é aquele bom e velho livro de capa preta. A Bíblia é o livro mais fantástico do universo. Mas também gostamos do Bukowski, do Saramago e do Agostinho. Acho que seria uma burrice terrivel fechar os olhos para caras como eles que tem uma visão um tanto quanto peculiar de mundo. Agora além de grandes homens de nosso tempo como Rev. Dr.Martin Luther King Jr., nos inspiramos também em pensadores cristãos como o Dr. Francis Schaeffer. Sim, referencias literárias também deveriam incluir os caras que o Arthur citou logo acima, e obviamente incluimos nessa lista outras figurinhas como o Neil Fallon, Neil Peart, Steven Wilson e aqueles loucos do Mastodon que são demais. Já o processo criativo… é completamente intuitivo.

Nathan – Na maioria das músicas, gravamos as idéias iniciais (riffs na guitarra) e desenvolvemos essas idéias em ensaio, depois escrevemos as letras. Os temas são inspirados em coisas que temos lido e vivido, não poderia fugir muito disso. Todos tentam participar do processo de criação da música. As Escrituras Sagradas são uma grande fonte de inspiração para as letras, pois as mesmas apontam para o Cristo. “Gates of Death” por exemplo, foi inspirada em Jó.

 

9 – Vocês tem intenção de gravar músicas em português? E qual foi a motivação para gravar em inglês?

J.Monaco – Outros idiomas?! Claro! Eu mesmo tava escrevendo umas músicas num dialeto Sikh de Punjabi… mmm… não. Mentira. Na real Ingreis é o que resolve nosso problema hoje. De fato, combina muito mais com o que fazemos. Muito mais. Nossa lingua portuguesa é uma safadinha quando se trata de fazer rock’n’roll. As vezes funciona… e às vezes aparece alguma coisa tipo Engenheiros do Hawaii. Ingreis é Mejor.

Nathan Bomilcar – É meio difícil imaginar um frevo cantado em chinês, ou um reggae em francês. As maiores referências do Rock estão em países anglo-saxões. Por isso, achamos que o inglês “soa” melhor para esse tipo de som. Também temos a intenção de gravar músicas em português para nos comunicarmos melhor com o público brasileiro. A idéia é usar o bom senso.

 

10 – Como vocês conheceram nosso site e o que vocês acham desse tipo de trabalho?

Nathan Bomilcar – Conhecemos através do Twitter, o passarinho tagarela. O trabalho do site é ótimo, pois é um espaço para conhecermos novas bandas de muita qualidade. Não parem esse trabalho!

J.Monaco – Pode crer! Obrigado!

11 – Uma mensagem final para todos que estão lendo e como podemos entrar em contato, shows, agenda da banda etc..,

J.Monaco – Crianças, guardem o napalm… e quem não ouvir PAX é a mulher do padre. http://www.paxband.com =]

Arthur – Nosso e-mail para contato – [email protected]. Para shows, necessitamos de lugar que comporte som (bem) alto, caso haja interesse, é lógico! Valeu pela oportunidade e pelo espaço!

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www.paxband.com