Para que outros possam viver: entendemos o recado?

Existe uma corresponsabilidade enorme em cima do próximo em nossas vidas. Não em como o próximo se sente, não teoricamente como o próximo reage, mas sim se esse meu próximo VIVE. E em Para que Outros Possam Viver, incrível disco da banda Livres, essa foi a mensagem principal em 2009.

E por que não dizer que essa mensagem pode ser atual em 2020?

Enquanto cantamos e ansiamos que “Tempos Melhores”, primeira canção que abre o álbum, venham sobre o país e o mundo, entendemos que em nossa fé, Cristo é “Mais Forte que a Morte” e, mesmo com o cenário caótico de tantas perdas que tem sido noticiadas nas últimas semanas, existe uma Esperança, existe um amanhã, existe um porquê lutar agora.

Não gostaria de ter que usar o termo COVID-19 ou Coronavírus aqui, mas é necessário. Nunca, de maneira tão secular, as nossas atitudes influenciaram diretamente o outro em sua totalidade de existência. Quem diria que o simples fato de circular nas ruas estaria comprometendo a integridade física de alguém que, talvez, não esteja dentro do meu círculo de convivência e comunidade.

As notícias que chegam até nós, nessa terra de informação e fake news, geram uma rede mal tecida do que fazer ou do que não fazer. Melhor ainda, de como fazer ou como não fazer. Mas como diria, repetidamente falando a mensagem central do disco: para que os outros vivam é necessário que morramos.

Morramos para as nossas vontades, morramos para os nossos ideais, morramos para a nossa percepção de como essa pandemia se comporta apenas para mim. É como ela se comporta para o próximo. Seja ele seu parente mais velho do grupo de risco, seja o parente mais velho do grupo de risco de alguém quilômetros de você.

Nossa comunhão no templo faz uma enorme falta, podemos entender. Em cidades litorâneas, o passeio na orla faz uma enorme falta, podemos entender. Em regiões metropolitanas e boêmias, a coloração “boulervástica” noturna da cidade faz uma enorme falta, podemos entender. Mas se abster disso tudo agora, é uma enorme prova de amor. Num futuro não muito distante poderemos dizer que “Vai Valer a Pena”.

Então, correligionários, se puderem, fiquem em casa. E escutem esse álbum.