Eu, eu mesmo e o Loop Eterno

Ser uma pessoa formada em Exatas, mas que sempre teve um pé tamanho 41 em Humanas desenvolveu em mim algumas peculiaridades. Como por exemplo, o fato de poder até bagunçar tudo ao meu redor para procurar algo, mas ficar em prantos querendo organizar tudo novamente. Ou dar nome as coisas (minha bike se chama Antonela e a caixa de som do meu melhor amigo, Gertrudes). Ou criar expressões para determinadas ocasiões como é o caso do Loop Eterno.

Segundo o dicionário do Gans, que você encontra nos sebos caiçaras mais próximos de você, Loop Eterno tem o seguinte significado:

  1. Ato ou efeito de escutar uma mesma canção por longos períodos de dias;
  2. Apertar a opção repeat em uma canção específica sem se importar com as restantes em sua biblioteca.

Com certeza você leitor já deve ter passado pelo Loop Eterno em algum momento da sua vida e isso, provavelmente, seguirá uma linha reta no que se diz respeito a constância. São inúmeros fatores que nos levam a loopar e, ao contrário do fator continuidade, estes não seguem um padrão quando se trata de ritmos, melodias, intérpretes e outros mais além.

Então, o que é, afinal?

É simplesmente como você se sente ao ouvir a música. É sobre como o ambiente mágico que se inicia nos primeiros acordes faz com que você queira sempre mais daquela amostra. É como a canção te deixa em um estado de sinestesia com tudo ao seu redor. É como o Criador, em sua multiforme atuação de criação, nos presenteia com a possibilidade de reflexão e deleite.

Tá. Eu filosofei um pouco e não era a intenção.

O grande X da questão abordada é: você não é estranho por loopar até o botão de play se sentir cansado. Estou aqui juntamente com você para criarmos essa família e discutirmos impressões do que já repetimos incansavelmente por aí.

“How Wonderful”, uma das grandes pérolas do primeiro álbum do Leeland foi, por um semestre, a minha loopada da vez. Ela me reconfortava quando estava em épocas de TCC e mal tinha tempo para comparecer aos cultos dominicais; “You and I” do segundo álbum do Colony House foi por simplesmente adorar a pegada indie rock bruta alá anos 2000; e – não menos importante – “Faust, Midas and Myself”, uma história reflexiva muito bem contada e que está escondida entre as músicas menos conhecidas de Oh! Gravity me acompanha de vez em quando até os dias de hoje.

Loop Eterno é só amor? Diria que depende. Talvez escutar uma música que fez parte dessa seleção alguns anos depois, não traga a mesma sensação. Até mesmo porque o ser humano é guiado por estações e quer algo mais irregular que as estações da vida? Mas claro, isso não tira o brilho que outrora irradiou com mais intensidade. (Ele tá muito poético ele).

Mas se tratando de você, já loopou eternamente?

Para encerrar, apresento a pérola abaixo, que no meu caso, é mais eterna que a Teoria do Buraco de Minhoca.