Quando o Switchfoot lançou ano passado o teaser de “Home”, você que é fã da banda assim como eu, deve ter ficado um pouco animado acreditando ser um prelúdio de um novo projeto, ou até que não. Desde 2014 a banda não agraciava muito os meus ouvidos. Sim, meus canais auditivos nunca conseguiram se acostumar com Fading West e Where The Line Shines Through. E veja bem, não são trabalhos ruins não, são bem produzidos. Mas eu, que desde os 15 anos de idade vi a discografia da banda fazer parte do meu desenvolvimento como ser humano, como cidadão, como cristão, não consegui encontrar mais “aquele Switchfoot” que tanto me enchia de orgulho com canções como “Always” e “The Sound”.
Essa opinião acima pode divergir. Já vi relatos de fãs (ou ouvintes de primeira viagem) que consideraram a fase surf music como uma das melhoras da banda. A isenção de guitarras me incomodou demais, mas se você não ficou com raiva dessa postagem pelo que foi dito até agora, te aconselho a continuar. Até mesmo porque a qualidade da banda não é o foco dessa matéria.
Mas o anúncio da pausa pouco menos de um mês, por um tempo longo e indeterminado, querendo ou não mexeu um pouco comigo. Não consegui vê-los no Brasil em 2010 e meu sonho de um aftershow com o Jon Foreman iniciando os acordes de “Your Love is Strong” fica deveras longe de ser realizado agora. Tenho plena certeza que, se essa notícia tivesse sido anunciada em épocas de Nothing is Sound (fica aqui o registro de disco preferido) ou Hello Hurricane, eu estaria em estado de choque, questionando o porquê. Mas mesmo em épocas como essa, com um pesar no coração eu tenho que dizer: O Switchfoot está em hiato, meus amigos.
Com uma nobre missão de, após 20 anos de estrada, aproveitar esse momento de carreira e nome consolidados e se dedicarem à família, com exceção de alguns shows já agendados nesse ano presente de 2018, não sabemos qual será o futuro da banda de San Diego para os próximos anos. E nós que fazemos parte da América da Sul, contentemo-nos com apenas uma breve passagem do quinteto por aqui.
Mas com orgulho posso dizer que, independente de tudo, eu sempre admirei o trabalho, o envolvimento social e todo o viés de composição. Aliás, composição e Jon Foreman (eu sei que a banda tem Tim, Jerome, Drew e Chad, mas não vou esconder minha tietagem) sempre foram sinônimos para mim. Bater no peito e dizer que já chorei de soluçar ao escutar e refletir “The Shadow Proves The Sunshine” (fica aqui o registro de música preferida), não me envergonha em nada. Fica aqui a dica inclusive.
E outra, eu agradeço de verdade ao Switchfoot, pois através dele conheci pessoas maravilhosas ao longo dessa jornada. Quem nunca entrou em fóruns, participou de comunidades, ou até mesmo criou um grupo no whatsapp em prol de uma banda ou artista que admirasse? Eu já, e está aí outra exemplificação do que não me envergonho. Esses amigos já me auxiliaram muito, seja em ter um guia turístico gratuito em Belo Horizonte ou uma publicitária bem sucedida que certa vez me incentivou e disse: “Escrever? Você leva jeito pra coisa”.
O que nos resta nesse momento é lembrar e aproveitar com carinho essa trajetória e os belos trabalhos que ficaram pra nós. Contabilizando: são 10 álbuns, 5 Ep’s, inúmeros backstages, inúmeras parcerias e inúmeras canções. Posso dizer que além disso, Switchfoot quebrou barreiras pioneiras entre a música de perspectiva secular e cristã. Parafraseando Jon Foreman: “ Não. Cristo não veio e morreu por minhas músicas, ele veio para mim. Sim. Minhas músicas são uma parte da minha vida, mas, a julgar pelas escrituras só posso concluir que o nosso Deus está muito mais interessado em como eu trato os pobres, os quebrados e os famintos que com os pronomes pessoais que eu uso quando canto”. Eu vou levar essa frase por toda a minha vida.
E para finalizar, poderia muito bem terminar essa matéria com “Dare You to Move” ou “Learning to Breathe”, canções mais que xódos, mas não. Acredito que “Souvenirs” retrata melhor o atual cenário que nós e a própria banda vivenciamos nesse momento.
Obrigado e até logo, Switchfoot.