Algumas pessoas tem o dito “dedo podre” para algumas coisas na vida. Eu diria que tenho para filmes, ás vezes. De vez em quando eu até acerto assistindo algum clássico do Eastwood, como Gran Torino, e de vez em quando me vejo escolhendo Fotografia de um Assassinato, um aleatório no catálogo da Netflix que adoraria ter a opção de desver. E escrevo isso do fundo do meu coração.
Longe ser um cinéfilo crítico entendedor de conceitos cinematográficos como coesão de roteiro, fluidez de direção, artifícios de filmagem (como planos sequência, found footage, entre outros), acabo sempre prestando atenção com muita ênfase na trilha sonora. É incrível como, quando bem executada, consegue transformar por completo a proposta do filme. Terror nos Bastidores era pra ser um “terrir” teen meia boca, mas ao colocar “Bette Davis’s Eyes” como principal canção do longa, conseguiu fazer mágica ao transformar uma releitura trash em uma grande opção de entretenimento do cinema atual.
Por esses dias resolvi assistir um filme dos irmãos Coen, dupla de diretores que estão dentro do meu top 10, na presença da ilustre primeira dama do que vos escreve. O nome da obra: Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum. E enquanto ela prestava muito mais atenção na odisseia do gatinho, o melhor coadjuvante de todos os tempos, eu só conseguia me atentar à trilha sonora totalmente autoral do filme. Para vocês entenderem, aí vai uma pequena sinopse: a grande jornada dramática de dois dias de um ex-trabalhador portuário que tenta a sorte como músico no início da década de 60 com a ascensão do Folk nos EUA, interpretado magistralmente pelo Oscar Isaacs.
O Folk tem suas vertentes que setorizo por estações: temos aquele folk alegre que passeia pelo indie, apropriado para os dias ensolarados e de boa estação, e o folk intimista que casa com o outono e com o inverno, que te sugere períodos de reflexão e te levam a prestar atenção apenas na melodia e na letra a ser cantada.
Por intermédio da vida, aprendi a apreciar os dois.
Taylor Armstrong. Um nome bastante presunçoso para um indivíduo com apenas uma foto disponível e apenas um álbum, seguido de um single, lançados nos últimos dois anos. Era de se esperar pouca ou grande coisa, dependendo da maneira que cada um interpreta essa falta de presença nas principais plataformas dos dias de hoje.
O lado intimista do estilo aqui abordado vem seguido de violão, melodias calmas e muita, mas muita disponibilidade em não soar mainstream. Se tratando de letra e composição, as devoções e ‘cristocentricidade’ presentes em todas elas fazem com que categorizemos Taylor como um cantor de folk que tem leves influências do worship alternativo.
Algo gritante que pude presenciar é: número 1) a utilização de gaita que imprime com maestria essa identidade; número 2) o quanto a voz e a roupagem das músicas remetem à época excelente dos primeiros ep’s do Jon Foreman. Lembram de Spring, Summer, Fall, Winter ou até mesmo Limbs and Branches? Essa era de ouro dos projetos solos do nosso ex(?) vocalista do Switchfoot é muito bem lembrada. Em algumas faixas, como “Highest Praises” e “Teach Me How to Love You”, é quase impossível não se confundir.
As comparações vem ao mérito de apenas incitar a curiosidade, pois garanto que caso haja uma oportunidade em você, caro leitor, de clicar nesse link randomizado abaixo, você saberá realmente do que se trata Taylor Armstrong.
Apenas um homem comum.