Com seu novo single “Kamsahamnida”, a Planetboom mostra que sabe falar a língua da nova geração.
No princípio era Hillsong United. E a juventude era feliz e descolada, e havia também a Planetshakers se movendo sobre a face juvenil da virada do milênio. E viu as bandas que seus fãs envelheceram e fizeram a separação entre gerações. A Hillsong resolveu chamar seu grupo de Young & Free e a Planetshakers, de Planetboom. E viu o worship que isso era bom.
Brincadeiras à parte, é curioso ver as transformações culturais das gerações. Nessa percepção do envelhecimento você vê que os gostos não são mais as mesmos e que tudo se faz novo. Particularmente não vejo nada de ruim nisso, pelo contrário, acho essa renovação muito necessária.
Quem nos acompanha sabe o quanto já criticamos a falta de originalidade da música gospel brasileira. Num geral, as bandas e músicos olham para fora não para se inspirar, mas sim, para entrar nas tendências gringas “copiando” o que rola por lá. Há décadas é assim e hoje não é diferente com o worship hipster que está em tudo que é lado. Basta ver as capas dos discos: 99,9% retrô, com aquela vibe dos anos 90 querendo soar cool.
Deixando as velhas críticas de lado, venho acompanhando de certa distância a cria do Planetshakers . Não é um som que eu ouço na rotina, talvez por falta de identificação, mas acredito que a Planetboom mereça uma atenção especial.
A conheci com a intensa New Levels, mas foi Kamsahamnida que me fez escrever esse despretensioso texto. Reconhecido como um “dinâmico e multicultural ministério juvenil”, a Planetboom me parece estar em sintonia com o nosso tempo. Muito mais que uma banda, a postura do grupo é de promover uma experiência. Assista os clipes e entenda que há uma complexa produção audiovisual em sua estética. Imagem, som, edição, elementos culturais… é, literalmente, um “boom” dos Millennials.
“Kamsahamnida” é inspirado no K-Pop (estilo mais atual impossível). Seu clipe traz todos os elementos do gênero com dança, game, batida e tudo mais que conheço pouco. O título da faixa, que significa “obrigado” em coreano, certamente dá logo um match com o público-alvo. As letras são de simples assimilação, curtas e muito chiclete. Nelas, a mensagem pura do Evangelho está presente:
Assim, com todo o meu coração
Eu te agradecerei Senhor
Com todo o meu coração
Eu te louvarei Senhor
Com todo o meu coração
eu te agradecerei Senhor
Apenas por quem você é
Eu te agradecerei, Senhor…
A multiculturalidade do grupo mostra como é possível dialogar com a cultura e utilizá-la para a glória de Deus e propagação do Evangelho. Precisamos disso. Precisamos de contextualização, de se apropriar da cultura e utilizá-la como expressão de um Deus criador e criativo. Mesmo que você não seja dessa geração ou fã do estilo, conecte-se e acompanhe os passos desse grupo que tem tudo para ser uma referência de arte cristã para esta geração.