É com enorme prazer que apresentamos o primeiro trabalho solo de Saulo Porto, “Início, meio… e daí?”.
Trocamos alguns e-mails com ele, que já é um velho conhecido nosso já que ele é o baixista da banda Alforria que apareceu no antigo AM como banda da semana a um tempo atrás, e por fim essa troca de e-mails acabou virando uma entrevista que você confere abaixo acompanhada de todas as informações do trabalho, onde ouvir, onde fazer o download e onde encontrar letras, arte e tudo mais.
Apenas Música: Bom, vamos começar do “Início”. Como surgiu a ideia de fazer um trabalho autoral?
Saulo Porto: Embora tenha feito parte da banda Alforria – no contrabaixo -, este é o primeiro trabalho com composições próprias. Então, a história do álbum se mistura com a minha descoberta como compositor e multi-instrumentista.
Num período de preocupações, e meio que como uma frase daquelas que você diz a si mesmo pra se acalmar, “Vou deixar você cuidar”, me veio à mente como uma esperança em que eu pudesse me apegar. Coincidiu com um período em que tirei da caixa um equipamento pra gravação que ja havia comprado há algum tempo, mas ainda não havia usado. Então, a partir dessa frase e dos experimentos com as gravações, surgiu a música, nomeada segundo a expressão.
Após produzir uma uma pré desta música, mostrei despretensiosamente à alguns amigos. Eles gostaram (eu acho :P), e animei a continuar. Depois, fiz “Reconciliação” e outros “rascunhos de música”. Ao começar a escrever a terceira canção, percebi que, sem querer, os temas estavam relacionados. Considerei então me basear na ideia de um álbum conceitual, comum no rock progressivo e em alguns trabalhos mais antigos, onde todo o disco aborda um tema e o desenvolve, como se cada música fosse um capitulo de uma história.
No começo, achei que ninguém fosse gostar. De verdade, até hoje desconfio. Mas a cada um que foi conhecendo o trabalho e elogiando, fui ganhando fôlego. Contei com a ajuda de amigos para gravar as baterias e algumas guitarras e fomos em frente.
Apenas Música: Mesmo se tratando do álbum de estreia, você já chegou chamando a responsabilidade com um álbum conceitual, como se deu o processo de elaboração ?
Saulo Porto: Inicialmente, haviam sido realizadas apenas algumas gravações para mostrar a amigos e, para minha surpresa e satisfação, o resultado havia ficado bacana. Daí então surgiu ânimo e disposição para levar à sério as gravações, dedicando um bom tempo ao estudo da música, captação, mixagem e tudo que pudesse ajudar durante o processo.
“Início, meio… e daí?” é uma reflexão, um auto questionamento ou até uma história, em terceira pessoa. A intenção é sua, ao ouvir.
Neste álbum conceitual, o objetivo sempre foi causar reações, sejam elas quais forem, através das letras, das harmonias ou de outros componentes. A tentativa, neste disco, é de não seguir padrões musicais ou conceitos já estabelecidos, e sim apresentar as canções da forma mais natural possível, da forma em que surgiram e com traços peculiares que cada participante pôde acrescentar.
Apenas Música: Nós acabamos nos conhecendo através da sua banda, Alforria, o que aconteceu com ela? Ainda estão na ativa?
Saulo Porto: O Alforria sofreu uma parada, por tempo indeterminado. Em meio a necessidade de dedicarmos mais tempo à ensaios e criações, esbarramos na dificuldade de conciliar a agenda de todos. Alguns se casaram, outros estavam em fim de faculdade, e por aí vai. Não há conversa sobre volta nem nada do tipo, embora nos encontremos regularmente.
Apenas Música: E você está congregando em alguma igreja atualmente?
Saulo Porto: Sim, há 6 anos sou parte da Missão Praia da Costa, em Vila Velha-ES. Lugar fantástico.
Apenas Música: Ao ouvir o álbum, podemos perceber influências bem distintas, principalmente em relação ao som que você fazia no Alforria. O que você tem escutado ultimamente, e como você acha que isso pode ter influenciado nas composições desse trabalho?
Saulo Porto: Esse assunto das influências é curioso. Enquanto mostrava as músicas pra algumas pessoas, ouvi os mais diversos tipos de opiniões. Alguns associaram o tipo de som à banda A e outros à banda B; este segundo grupo não viu nada de influencia de A nas canções. Vice-versa. Fato é que há alguma verdade nisso. Vivo, desde pequeno, no meio de uma diversidade musical tão grande que há um pouco de tudo envolvido, e é isso que noto ao ouvir as canções. Porém, posso citar algumas influencias durante o processo de composição. Em relação ao formato do álbum, da questão do álbum ser conceitual, isso veio de forma espontânea, como explicado anteriormente, mas após definido que esta seria a intenção, Neal Morse, Flying Colors e Transatlantic me mostraram como trilhar por esse caminho.
Tem também um pedaço do guri que curtia Engenheiros do Hawaii na década de 90, um pouco do rapaz que estava descobrindo a beleza das canções do ‘Oi, lá vou eu[1977]’ de Dominguinhos em pleno 2013, até as músicas pulsantes de Franz Ferdinand. É claro que nem tudo isso talvez possa ser apontado no resultado das gravações, mas certamente fizeram parte do momento de criação. Aprofundando mais no conteúdo das composições, posso dizer que o conjunto de músicas pode ser tratado como uma história, sendo cada canção um capitulo; ou uma autorreflexão, sendo cada capitulo um questionamento ou um momento. Não tenho a pretensão de dizer que é uma coisa ou outra, mas estes são dois caminhos possíveis de interpretação. A intenção das letras (casadas com as melodias) é causar reações : sejam elas aprazíveis ou incômodas.
Apenas Música: Por se tratar de um trabalho totalmente independente, acredito que você teve que colocar a mão na massa de fato, em vários sentidos. Nos conte um pouco sobre como foi a fase de estúdio, pré-produção, gravação, etc…
Saulo Porto: O processo de produção foi também de descobertas; não imaginei que fosse conseguir produzir as canções da forma como ficaram e também acreditava que ninguém fosse gostar. Algo bacana que tentei fazer, foi tentar trabalhar cada música da forma mais próxima de como sua ideia inicial surgiu, para que não perdesse a essência. Mergulhei de cabeça nos estudos de mixagem, gravação, e por aí vai. É muita coisa! Tive a felicidade de ter alguns amigos com quem trocar idéias. Algo que ajudou bastante foi que, a cada pré-produção realizada, mostrava pra várias pessoas e tinha diversas opiniões. Foi bom feedback muito valioso. Coube a mim então tentar sintetizar essas informações.
Basicamente, gravei a maioria das guitarras, mas tive a ajuda do Wander e Theo Porto em alguns solos e detalhes. Contei também com o auxílio do Dilter na bateria e com a participação do amigo Fabinho Peçanha, que muito acrescentou ao projeto. Sou muito grato à esses caras; e ao Heryckson onde gravamos as baterias. Sempre tive o cuidado de evitar soar como alguém que não sou; então, atenciosamente tentei ser muito criterioso em relação às idéias e recursos que surgiram neste processo.
Apenas Música: E depois de terminada a produção, qual maior dificuldade você encontrou? Como está sendo a divulgação de modo geral?
Saulo Porto: Felizmente, a produção do disco fluiu bem. Sendo o trabalho solo e gravando a maior parte, tive o conforto de tomar as decisões de arranjos, timbres e linhas vocais. Muita gente se prontificou a ajudar mas, por diversos motivos, não o fizeram. A divulgação têm sido legal, mas achei que fosse mais fácil (risos). Algumas pessoas, quando falo do trabalho, perguntam se é instrumental; ou, ainda, ao ouvirem, perguntam se sou eu cantando. Enfim, devido ao longo tempo dedicado ao contrabaixo, ainda tenho tentado quebrar a barreira de mostrar esse outro lado.
Apenas Música: Depois dessa primeira experiência como “artista principal”, você já pensa em dar continuidade aos trabalhos solos? O que podemos esperar pela frente?
Saulo Porto: Há muito a se fazer! De imediato, já venho preparando duas canções para lançar até o fim do ano. Uma delas, adianto, tem a intenção de dar um desfecho ao enredo apresentado no disco (risos). Já estão bem adiantadas também as idéias de um próximo trabalho, inclusive com algumas prés prontas. Enfim, apesar de tantas idéias, o que almejo ante a tudo isso, é que muita gente ouça e goste dessas músicas.
Apenas Música: Nós agradecemos por poder apresentar seu trabalho aqui no Apenas Música e saiba que as portas estarão sempre abertas para você e quem sabe para um retorno da Alforria. Vocês serão sempre muito bem vindos aqui. Para finalizar, deixa uma mensagem para quem está acompanhando seu trabalho aqui pelo Apenas Música e até a próxima.
Saulo Porto: Agradeço ao pessoal do Apenas Música por este espaço pra falar um pouco sobre o trabalho e a cada um que têm ajudado e acompanhado tudo desde o começo. Nunca foi fácil, mas têm valido muito a pena cada esforço. Espero que gostem do resultado. Obrigado! 🙂
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No hotsite (sauloporto.eng.br/InicioMeioeDai), você vai encontrar as letras, arte, vídeos e muita coisa bacana relacionada a esse excelente trabalho.