Existe um certo preconceito dentro de mim em relação à estilização das fontes, letras, utilização de maiúsculo, minúsculo, abreviações e vários eteceteras por aí. Isso é que se espera de um jovem de 27 anos que tem quatro professoras polivalentes na família. Ecoa na minha mente até hoje: ” – Pronomes pessoais sempre deverão ser escritos com letra maiúscula, Gustavo!” – Não é o caso de half.alive e termino esse parágrafo com um sincero: quem sim porta? (tias professoras, amo vocês).
Vale dizer que a banda half.alive, recém formada em 2016, é californiana e mistura o bom indie pop com rock eletrônico, criando uma sintetização interessante de estilo, um prato cheio pra quem gosta de um Dead or Alive repaginado. Calma que não vai acontecer um cover de ‘You Spin Me Round’, por enquanto. E talvez eu tenha dito apenas pela semelhança dos vocalistas.
Fui apresentado ao primeiro disco de estúdio deles no ano passado, Now, Not Yet com o seguinte pretexto: “- Tó, escuta é a sua cara”. Desconfiei, óbvio. Escutei, óbvio. Não achei minha cara, óbvio. Gostei demais, óbvio.
Toda a pegada rock indie com eletropop, onde você escuta a linha de baixo, independente de o quão comercial a canção possa ser, muito me agradou e me fez sair da caixinha de previsibilidade. Canções que podem ser vendidas e mostrar qualidade.
Credo, até parece que sou tão capitalista assim pra falar de música.
Eu não, mas a indústria, sendo gospel ou não, é. Vide os recentes “escândalos” que temos presenciado com nomes importantes do nosso cenário nacional. Mas voltemos a falar da banda/álbum.
Um grande diferencial, com toda a certeza, são as apresentações ao vivo onde a presença de dançarinos millenium que se apresentam e, juntamente com o vocalista, esbanjam certa criatividade na junção de duas artes que podem ser, de certa forma, tão complementares e excludentes.
Falo dos clipes também, cheio de cores e transposições, aliados sempre a uma coreografia de certa forma não exacerbada e que combina com a melodia tornando a experiência de visualização numa divertida brincadeira e numa sincera demonstração de completude. Ao conhecer half.alive você com certeza diz: “- Isso não funcionaria sem isso e vice versa”.
Comento acerca também do próprio disco citado que ganhou uma session In Florescence com as principais canções sendo releituras com a presença de orquestra. Talvez o ponto negativo fique apenas na extensão vocal limitada e não agradavelmente rouca do vocalista Josh Taylor.
Aliando elementos da psicologia freudiana/jungiana em suas composições, incluindo pitadas de eletrop “setentista” junto com funk e soul em suas melodias, criando passos divertidos e entrelaçados com toda a musicalidade da banda é o que define o half.alive. Pra quem gosta de um Twenty One Pilots, esse trio é uma excelente pedida.
Termino a matéria, minha primeira do ano, transcrevendo uma canção que aspira toda parte da religiosidade que encontramos nas entrelinhas, principalmente no próprio disco supracitado:
I am creation, both haunted and holy
Made in glory
Even the depths of the night cannot blind me
When You guide me
Creature only
Canção: ‘Creature’