“Me disseram que no céu o meu cabelo vai ser bom”
É assim que o cantor, compositor e teólogo LUZ começa seu single “Cabelo Bom”, pelo Selo Ventania. O trabalho provoca a reflexão sobre um tema custoso não apenas para a sociedade, mas também para a igreja: o racismo.
Uma discussão totalmente necessária e preciosa em ser abordada através da música, a faixa relaciona teologia e experiência própria do cantor que, infelizmente, reflete a história de muitos negros que compartilham a fé cristã no Brasil. Ao invés de ser um local de acolhimento, muitas vezes, a igreja se torna um espaço de acusações. Entranhada em nossa cultura (e também na fé), o racismo é um pecado que precisa ser intensamente combatido em todas as esferas. Além disso, LUZ também questiona a estética eurocêntrica do cristianismo ocidental não apenas na letra, mas pelo arranjo musical em si e até mesmo na arte de capa. Isso é um show a parte.
Ouça CABELO BOM em todas as plataformas de música!
Desmitificar discursos da cultura negra à luz da interpretação correta da Bíblia é uma emergência diante da prática racista velada de muitos crentes na igreja e do silêncio da comunidade na sociedade em denunciar este pecado.
Tendo a produção da faixa por Estêvão Queiroga e Yuri Costa, o resultado de “Cabelo Bom” vem ajudar a trazer uma estética desafiadora a todos aqueles que esperam da música de um artista cristão. Além disso, como dito, a faixa não é apenas crítica, é também uma forma de abraçar uma parcela dos próprios cristãos que possam ter se sentido deslocados em suas igrejas por causa dessas questões. Mais do que uma denúncia à intolerância vista nas igrejas brasileiras, “Cabelo bom” é uma proposta de diálogo que mostra que, apesar do cenário atual, existe uma parcela do cristianismo brasileiro que está preocupada em construir uma sociedade mais tolerante e inclusiva.