Postei no Facebook que nem no mais utópico sonho eu imaginaria ver os caras do Narnia ao vivo. Era o sonho de um adolescente recém-apaixonado pelo Power Metal e encantado pela magia do C.S. Lewis. Com uma energia incrível, letras cristocêntricas e refrões pegajosos, o Narnia me cativou sobremaneira.
Eis que no final de 2016 é anunciado que a banda viria ao Brasil pela primeira vez em sua turnê sulamericana. Meu coração dispara e fiquei atônito quando vejo que primeira cidade a receber a banda é Recife. Confesso: chorei. Chorei porque, o que na mente era praticamente impossível, estava se materializado com data e tudo: 21.04.17.
2017 chegou e se passaram os meses de janeiro, fevereiro e março. No dia 1º de abril minha mente iniciou uma contagem regressiva. Às vésperas do show, eu parecia criança pequena, eufórica com o presente que havia recebido. E eis que a noite do dia 21 de abril chegou. Na Downtown Pub, no coração underground da minha cidade, estava Christian Liljegren e sua trupe. Com alguns quilos a mais e muitos fios a menos na cabeça, eles estavam lá, eletrizando o pequeno, mas insano público, que encheu a casa de show.
Introduzindo a apresentação com Inner Sanctum, o público foi ao delírio com o clássico que abre o espetacular Desert Land, dos anos 2000. Depois que iniciar o show ligado nos 220 volts, a banda nos mergulhou na linda The Mission (Long Live The King, 1998). Intercalando falas de gratidão por estar pela primeira vez no Brasil com mensagens evangelísticas, o frontman não perdia o engajamento do público um segundo sequer. E mesmo para uma banda que tem praticamente 20 anos de estrada, as músicas do recém lançado self titled não retraíram o público que cantou a pleno pulmão a também já clássica Reaching For The Top (Narnia, 2016). Depois de mais uma injeção de adrenalina, os suecos retornaram ao envolvente universo de Long Live The King com Shelter Through The Pain. Mesmo sendo uma balada, seu refrão foi cantado de forma apaixonada em um belíssimo louvor ao grande Rei. Certos que Ele é o nosso refúgio durante a dor, fomos levados ao túnel do tempo com os primórdios da banda em No More Shadows From The Past (The Awakening, 1997) e entoamos que o passado foi deixado para trás. Seguimos cantando que há uma luz no final do túnel com a faixa instrumental The Light At The End of The Tunnel (Desert Land, 2000), onde toda a virtuosidade da banda foi consagrada.
Falando em virtuosidade, o que dizer sobre Carl Grimmark, Andreas Johansson e Martin Harenstam? Sempre com um cativante sorriso no rosto e interagindo a todo instante com o grupo, eles demonstraram porque seus nomes estão entre os principais nomes do metal mundial. Com perfeição executaram solos incríveis e até dançaram no palco. Simplesmente sensacionais.
Voltando ao presente a banda engatou duas faixas do disco de 2016: I Still Believe e Messengers. Ambas cantadas com força pelo público numa demonstração de aprovação às novas produções do grupo.
Caminhando para o fim, mas com a mesma energia do início, chegou o momento mais esperado pelos fãs: o hino Long Live The King (Long Live The King, 1998). Faltam palavras para descrever a emoção e a devoção presentes na execução dessa música. Parecia que o céu estava naquela casa de show. Registrei o momento em vídeo:
Depois desse momento épico, foi momento de cantar The Awakening, de 1997, uma grande faixa, mas que, para mim, acabou quebrando um pouco o clima do show. Invertendo a situação veio Into This Game, única representante do álbum Enter The Gate, de 2006. Nesse momento vale a pena falar das ausências no setlist. Acredito que é de uma voz a falta que The Witch and The Lion (Desert Land, 2000); The Countdown Has Begun e Judgement Day (The Great Fall, 2003); Dangerous Game (Long Live The King, 1998); Enter The Gate, Show All The World e The Man From Nazereth (Enter The Gate, 2006) fizeram no show. Nem falo do Course of Generation por ser de um período estranho da banda, mesmo já tendo a visto em setlist de shows europeus.
Para finalizar a apresentação a banda selecionou a épica introdução Gates of Cair Paravel (Long Live The King, 1998) e a espetacular Living Water, do mesmo disco. Levando o público ao delírio, os caras do Narnia finalizaram a apresentação de forma impecável, extrapolando todas as expectativas imaginadas.
Valeu a pena sonhar. Valeu a pena acreditar que eles não desapontariam seus fãs sulamericanos. Tanto que fizeram questão de voltar ao palco após a apresentação para conversar, autografar e tirar muitas fotos com todos que se aproximavam. Não havia estrelismo, havia humildade de uma banda que estava ali para servir. Uma inspiração de talento, postura e integridade para bandas, fãs e cristãos em todo o mundo.
Por Aslam e por Narnia!
Fotos do talentoso Thiago Lemos