Da menina que apresentava programa infantil à aquela jovem que deu respostas teologicamente duvidosas em determinada entrevista, há uma artista que particularmente tem me chamado atenção no mainstream gospel brasileiro.
Priscilla Alcantara tem me parecido um ponto levemente fora da curva quando se trata de música. Com um visual bastante “descolado”, transitando entre artistas e eventos “seculares” como o Lollapalooza, ela tem produzido algo diferenciado e, porque não, autoral.
Mesmo sendo fruto de um mercado, a vejo com um passo à frente dos demais por certa ousadia artística representada numa estrutura não só musical como também estética. Por isso, separei quatro clipes dela que me chamaram atenção. São eles:
Tudo é Teu, de 2015, já sinalizava que Priscilla não era uma artista como as demais. Mesmo fugindo do trivial visto no segmento com seu visual e maquiagem carregada, a faixa é uma canção que caberia bem em qualquer disco de louvor e adoração. A batida eletrônica é tímida e não chama tanta atenção.
Dando um salto temporal destaco Tanto Faz (2017). Aqui a voz já não é mais a mesma. Sob efeitos técnicos e de técnicas, o sussurrar parece compor a identidade da artista. Com a mesma ousadia de vestes, a faixa traz um pop bem construído e uma letra que, apesar de simples, sai do lugar comum. O trabalho feito por Flauzilino Jr e Patrick Rodriguez na direção e fotografia do clipe tem grandes méritos. Arrisco a dizer que se a mesma canção fosse em inglês, por uma cantora estrangeira e com a mesma produção, muitos daqueles que torcem o nariz para a Priscilla curtiriam.
Com a mesma direção e no mesmo ano, Priscilla lançou o clipe de Liberdade com uma estrutura musical muito semelhante. Contudo, duas coisas chamaram a atenção nesse vídeo: a produção, considerada por alguns como um marco no mercado nacional; e a letra da canção que traz uma linguagem mais metafórica sobre vida, fé e liberdade.
Pra mim, não faz sentido
Alguém que tem asas não ter
O céu inteiro para poder voar
Se tenho asas, eu sei que o céu é o meu lugar
[…]
A liberdade me chamou de canto e disse assim
Não deixe nada te dizer quem você é
Você é o que vê em mim
Por fim, recentemente ela lançou o lyric vídeo de Inteiro que, mesmo não sendo um clipe, também mostra um trabalho estético interessante. Belas fotografias, bons ângulos e um contraste entre o dourado e o preto formam uma composição que merece seu destaque.
Assim, mesmo sendo uma superficial análise sobre sua trajetória, peço a Deus que fortaleça a Priscilla em conhecimento e dê sabedoria para administrar essa carreira que, se tiver integridade e criatividade, irá longe e marcará uma geração.