Marcos Almeida e Paulo Nazareth
Talvez o que eu vá divagar por essas linhas não faça tanto sentido assim. Esses dois nomes que dão título à essa postagem, em sua singularidade, já viraram sinônimos de coisa boa há muito tempo atrás. Juntar os dois em um projeto é digno de positivar sem antes verificar o conteúdo. No português mais claro e contemporâneo: dar o like sem escutar a música.
Tanto Marcos quanto Paulo têm seguido vertentes extremamente interessantes de uns anos pra cá. Marcos com o Nossa Brasilidade, Eu Sarau, mostrando um lado mais congregacional barra cultural e dando a entender que pode apresentar muito mais frutos do que na época do Palavrantiga. Já Paulo amadurecendo com intensidade, seja na banda, seja no pastoreado da vida, seja nos solos que vem ganhando força cada vez mais, deixando simplesmente de ser apenas o vocalista do Crombie.
Alguns amigos meus tiveram a oportunidade de ver a apresentação do Marcos que ocorreu no teatro Eva Herz em São Paulo no mês passado e, pasmem, Paulo abriu o espetáculo de maneira simplória, porém extremamente sensacional. Palavras reportadas a mim, de forma tardia, dos novos adeptos do intérprete da “flor amarelinha, colorida de hidrocor” e da “manga lá no alto da mangueira”.
Era de se esperar que uma parceria assim fosse feita. A canção lançada cerca de dez dias, sem nenhum alarme urgente, sem pretensão nenhuma de mainstream, em minha opinião, tem mais cara de Paulo do que Marcos, passeando entre aquela poesia reflexiva, multiforme e atemporal. Música aquela que a gente degusta com calma, que pode ser apreciada naquelas tardes chuvosas de outono ou naquelas viagens de volta à casa do trabalho, quando o sol ainda insiste em aparecer nessas épocas de horário de verão.
As interpretações são inúmeras e ainda não obtive a minha. Talvez ela faça sentido pra mim bem mais de perto, ou ao olhar de longe, palavras que a própria composição sugere. De qualquer forma, o mais interessante é a pergunta com resposta definida que temos aqui: Mas, pode um trovador, cancionista e poeta abraçar um liturgista, pastor e conselheiro?
Pode, claro que pode.